Fran Borges
Vamos falar das leituras do mês de abril? Esse mês rendeu e sem dúvida foi o mês que eu mais li no ano. Aderi de vez aos audiolivros, mas jamais abandonando nosso físico amado.
Nesse mês abril eu li bastante e isso aconteceu porque me rendi aos áudio-livros. Agora sempre estou com algum em andamento para ouvir no trabalho e nas horas de faxina (recomendo). Bora para a lista
Galateia, um conto de Madeline Miller, narrado por Carla Dias e traduzido por Fernanda Cosenza. O conto é curto, mas poderoso. É uma releitura do mito grego de Pigmaleão, aquele em que ele faz uma estátua de mármore tão bela que se apaixona por ela. Na versão de Madeline temos o ponto de vista de Galateia e ela nos conta a opressão que sofre dentro daquela jaula. Em alguns momentos ele é angustiante e o final é sensacional. Gatilho para violência doméstica.
Em seguida eu ouvi La vida privada de los árboles de Alejandro Zambra. Essa foi uma releitura, dessa vez em espanhol. A premissa é bem simples, ele é um professor e está escrevendo uma história e logo de cara ele nos diz que quando sua esposa chegar, a história acaba. Estão ele a enteada em casa, ele começa a contar sua história e imaginar futuros possíveis.
E eu gostei tanto de Galateia que peguei Circe de Madeline Miller, narrado por Juliana Maximo e traduzido por Isadora Prospero para ouvir. E esse livro me surpreendeu, porque eu não sabia que Circe era uma bruxa. Claro que o livro me conquistou e poderia muito bem participar do meu projeto Bruxas na literatura.
Circe é renegada pelos pais por não possuir poder algum, ou ao menos era o que eles achavam. Quando seu poder se manifesta ela é mandada por Zeus para uma ilha e passar toda a sua vida exilada. Muitas criaturas mitológicas vão aparecer, assim como personagens bem conhecidos, enquanto Circe vai encontrando sua voz e seu poder. O final também é maravilhoso e já percebi que Madeline é muito boa em terminar livros.
A Corrida de Escorpião de Maggie Stiefvater e traduzido por Fal Azevedo foi a nossa leitura conjunta do mês. Para mim foi uma releitura que eu curti demais. Tenho muito carinho com esse livro e seus personagens. Temos essa ilha com cavalos que saem das águas em novembro. São cavalos selvagens e que podem matar. E todos os anos, nessa época, muitos tentam a sorte montados nesses cavalos na corrida de escorpião.
Temos nossos protagonistas Puck e Sean, os dois vão disputar essa corrida, mas tem um detalhe, Puck é a primeira mulher a participar da corrida e ela vai correr com sua égua normal. É uma história muito simples e bonita, tenho ciência de que a Maggie já escreveu outras melhores, mas meu carinho permaneceu o mesmo com o livro.
Depois li uma das leituras mais emocionantes dos últimos tempos. Li A Cidade de Vapor, um livro de contos e último livro escrito que se tem notícia de Carlos Ruiz Zafón. Foi traduzido por Ari Roitman, Paulina Wacht e Ale Kalko.
Para quem me acompanha nas redes já deve saber que Zafón é um dos meu autores favoritos e que escreveu um dos meus livros favoritos, A Sombra do Vento que pertence a uma das minhas séries mais amadas, O Cemitério dos Livros Esquecidos (quem conhece esse lugar sabe do que estou falando)
E nesse livro de contos ele vai trazer, por exemplo, a história de origem dessa biblioteca tão misteriosa e chamada de O Cemitério dos Livros Esquecidos. Vai contar outras histórias com nomes bem conhecidos de seus fãs como Sempere, Coreli e Martín. E também contos inéditos sem relação com a sua série. Confesso que chorei quando li sobre a origem da biblioteca.
Foi muito bom reencontrar essa escrita poética, cheia de mistérios, com elementos góticos, noir e de horror. Uma ambientação que o autor sabe fazer muito bem na sua Barcelona encantada, com prédios sombrios e muita névoa. No futuro pretendo reler novamente todos os seus livros.
Depois eu ouvi um audiolivro que me tirou o chão, literalmente. Primeiro eu tive que morrer de Lorena Portela e narrado por Ana Vieira. Uma publicitária com seus trinta e poucos anos está com sua saúde mental no chão e é pressionada a tirar umas férias. Ela vai para Jericoacoara, no Ceará e naquele paraíso ela vai encontrar amigos, viver um romance e ter um estranho renascimento.
Nesse momento que comecei a escrever sobre o livro é que percebi que a personagem não diz seu nome e isso só mês faz amar ainda mais o livro. Porque ela poderia ser qualquer uma de nós. Uma mulher com esgotamento mental, que nunca se esforça o suficiente, que precisa ser perfeita. Que sofre pequenas violências todos os, quando não as grandes, oprimida e se culpando por milhares de coisas.
Como diz o livro “a vida é cruel com as mulheres” O livro é curto e um baita tapa na cara. Espero que se você ler sinta a mesma empatia e esperança que eu senti. Também, raiva é claro.
Para terminar eu li A vida do livreiro A. J. Fikry de Gabrielle Zevin e traduzido por Flávia Yacubian. Foi bem na finaleira, terminei esse livro no dia 30. O pano de fundo é uma livraria da qual A.J. é o dono. Cheio de referências a várias obras literárias.
A.J. está deprimido após a morte de sua esposa e sua vida ficou estagnada desde então. Tudo muda quando um bebê é deixado na sua livraria. O livro é muito gostoso e rápido de ler, vai falar do cotidiano desse homem na livraria e várias pessoas que cruzam seu caminho e o tocam de maneiras diferentes.
Confesso que esperava mais, porque a minha primeira experiência com a autora foi a leitura de Amanhã, amanhã e ainda outro amanhã, que foi um dos meus livros favoritos de 2023. Então estava com altas expectativas, mas o livro em si foi muito bom, apenas não atingiu a expectativa que eu esperava. Problema mais meu, do que do livro.
E você, o que andou lendo em abril?
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