Fran Borges
Diante do terror que temos acompanhado ao longo da história e mais recentemente com o povo Yanomami é necessário ouvir...
AY KAKYRI TAMA EU MORO NA CIDADE DE MÁRCIA WAYNA KAMBEBA
Eu moro na cidade, mais do que um livro de poemas, foi um livro aprendizado. Muito foi ressignificado e percebi o quanto o meu pensamento ainda é colonizado. Os poemas da Márcia falam de cultura, ancestralidade, pertencimento e descolonização.
Acho que a primeira quebra que senti com esses poemas foi entender a multiplicidade dos povos indígenas e que cada um tem a sua característica, sua história.
Lembrei do texto da Chimamanda "O perigo da história única" e como nós, como brasileiros também temos, em sua grande maioria, uma história única sobre os povos indígenas.
Já faz algum tempo que me propus a ler, buscar literatura indígena porque era algo que me sentia em falta. Tem sido um grande presente e aprendizado. Tenho procurado ler e ouvir para começar a entender o que nunca entendi.
Como sociedade estamos rodeados por costumes, palavras, comidas que pertencem a cultura dos povos indígenas e nem percebemos pelo apagamento ao qual esses povos foram submetidos.
Diante do terror que temos acompanhado ao longo da história e mais recentemente com o povo Yanomami é necessário ouvir e respeitar a existência dos nossos povos originários. Como uma mulher lida como branca é o primeiro passo que consigo dar.
A edição é um caso a parte, simplesmente maravilhosa. Márcia além de poeta, é geógrafa e também fotógrafa. Nessa edição ela nos brinda com várias fotos ao longo do livro. Ela pertence a etnia Omágua/Kambeba. Você pode conhecer mais sobre o trabalho da Márcia no seu perfil do instagram @marciakambeba.
Quero fazer um convite a você, leia ao menos um livro de literatura indígena em 2023.
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