Fran Borges
A lembrança mais antiga que tenho da copa do mundo é de um pênalti perdido pelo Zico. E claro, eu tenho a minha copa inesquecível: 1994.
A lembrança mais antiga que tenho da copa do mundo é de um pênalti perdido pelo Zico. Eu estava na casa do meu avô, era 1986 e o Brasil foi eliminado nos pênaltis pela França nas quartas de final. Eu tinha cinco anos e lembro muito bem da imagem e da tristeza ao meu redor com aquele pênalti perdido. Eu quase virei flamenguista por causa do Zico, era fã do galinho. Minha madrinha bem que tentou, mas na adolescência me apaixonei pelo Corinthians.
A briga era grande, meu vô queria me convencer a ser gremista, a madrinha insistia no flamengo, mas a paixão pelo timão chegou. Mas a copa é outra coisa, a gente não briga mais, todo mundo se une para torcer para seleção canarinho. Lembro das bandeiras nas janelas, decoração nas ruas e nas lojas. A gente sendo liberado das aulas, hoje, com horários diferentes no trabalho. O Brasil ama a copa do mundo.
Esse ano, confesso, eu não estava tão animada. Ainda mais depois de 2018 e vamos combinar, a nossa camisa havia sido sequestrada. Nossas cores tão marcantes, mas ainda estavam me dando aquele mal-estar autoritário e fascista. Mas foi começar a copa que aquela sensação boa voltou. Essas cores, essa bandeira e a seleção é de todos e essa paixão está no nosso sangue. Impossível não vibrar com um gol. Aquela jogada perfeita e com jogadores como Richarlison. Craque dentro e fora de campo.
Voltei a usar o verde e amarelo e estou feliz com isso. Amo o meu país e tinha esquecido que amava essas cores, esse hino e o futebol. Alma lavada e emoção renascida.
No entanto, eu tenho uma peculiaridade pouco comum, eu também sou torcedora da seleção Argentina. Aliás, eu torço para todos os latinos avançarem. Mas eu tenho um carinho especial pela seleção Argentina. Admiro o estilo de jogo aguerrido. Aquele que não acredita em bola perdida. A torcida argentina é de arrepiar e se você não acredita, procure qualquer vídeo deles torcendo pela sua seleção. (deixei o link para vocês do último jogo da copa)
Além de disso, sou fã de Lionel Messi. Me considero privilegiada por viver no mesmo período em que ele joga. É um prazer observar seu talento. Lembro que eu chorei quando o Barcelona ganhou a Champions League na temporada 2008 com o time de Guardiola e o gênio Lionel Messi em campo. Um dos jogos mais lindos que eu já vi.
E claro, eu tenho a minha copa inesquecível: 1994. Quem não lembra do Galvão Bueno agarrado ao Pelé gritando é tetra! É tetra! O pênalti perdido por Bagio. O sufoco e aquela bola que nem Romário ou Bebeto fizeram entrar naquele zero a zero de infartar qualquer coração. Um grito preso na garganta mesmo antes de ter nascido, afinal fomos tri em 1970 com o time dos sonhos: Pelé, Garrincha, Tostão e Rivellino. Impossível não se emocionar.
Lembro da família nervosa, o coração na boca e depois a gente saindo na rua e todo mundo gritando como louco. O Brasil é o país do futebol, o país do rei do futebol e esse esporte mexe com o mais profundo das nossas emoções. Eu sei que nem todo brasileiro ama futebol, mas ainda que alguns possam torcer o nariz, o futebol está no nosso DNA. E em 2022 quando vi a seleção outra vez entrar em campo foi impossível não me emocionar e torcer. Esse ano surpreendeu, meu amor pelo futebol se renovou e se o hexa vier vai ser cerveja e comemoração.
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