Autocompaixão e Ansiedade. 41 anos e parece 25

Fran Borges

Quarenta e um e muitas vezes ainda acho que tenho 25, mas com muito mais calma.

Hoje, quinta-feira, 27 de outubro, faço 41 anos e esse último ano foram de muitas transformações. Acho que vivi cinco anos em um. Tempo de descobertas e de aceitar problemas há muito colocados para baixo do tapete.

Descobri que tenho TAG – transtorno de ansiedade generalizada – e por incrível que pareça foi libertador. Depois de tantos anos, finalmente, descobrir que lidei com isso a vida toda. Que a minha asma ficava pior por isso, que tive depressão por isso e que está tudo bem ter TAG.

Aceitar que preciso conviver com ela. Saber que não é minha culpa se muitas vezes sinto mais do que outra pessoa em situações iguais, saber que eu posso lidar com isso e que tenho ferramentas para isso.

Claro que isso só foi possível com tratamento e muitas sessões de terapia que ainda estou fazendo. Foi preciso enfrentar isso de cara. Não foi fácil, nunca é. No início é muito doloroso porque várias crenças dentro de você se rompem. Você precisa lidar com elas. Não está tudo resolvido e nem precisa estar, mas eu estou no caminho.

Foi uma jornada longa até aqui e as coisas só melhoraram quando eu me olhei de verdade, aceitando quem eu sou. Exercícios de respiração e meditação também me ajudaram muito. Assim como as aulas da prof. Thais Godinho do Vida Organizada. Trouxeram uma ordem para minha rotina.

Dois livros também me ajudaram muito nesse ano: Comunicação Não Violenta do Marshall Rosenberg e Autocompaixão da Kristin Neff. Eles me ajudaram a compreender, junto com a psicóloga, que a pessoa mais violenta comigo era eu mesma. E que por incrível que pareça, é muito mais fácil ter compaixão pelos outros do que por você.

Hoje sou mais gentil comigo. Nem sempre estou bem, a TAG vive comigo, mas descobrir os gatilhos dessas crises e entender que posso ser compassiva comigo fez toda a diferença. Posso dizer que é um grande alívio. Nesse 27 de outubro estou feliz.

Para ficar ainda mais feliz, dia 30 vou votar e ajudar a eleger Luiz Inácio Lula da Silva, que aliás, faz aniversário no mesmo dia. Assim como o grande Graciliano Ramos, um dos meus escritores preferidos. É, a vida é boa sim.

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