Lu Days
Você que usa redes sociais já deve ter cruzado com perfis falsos ou dedicados a odiar uma pessoa. Sendo os primeiros a puxar um linchamento online sempre que pode tentando criar uma comunidade ao redor desse ódio.
Que nós vivemos em bolhas ninguém pode negar. Cada um está sempre voltado para seus interesses e o algoritmo nos protege de todo o resto. Acabamos “escolhendo” ver apenas aquilo que gostamos, e no caso de algumas pessoas, aquilo que odeiam.
Contudo, a vida é muito maior do que as redes sociais selecionam para nós. Esse não é um texto sobre como o capitalismo manipula a sociedade a partir da internet, embora, no fundo, seja um pouco também. Esse é um texto sobre discurso de ódio e como na vida real a gente se importa muito pouco com coisas que odiamos.
Você que usa redes sociais já deve ter cruzado com perfis falsos ou dedicados a odiar uma pessoa. Sendo os primeiros a puxar um linchamento online sempre que pode, esses perfis costumam passar o dia todo postando mentiras, expondo a privacidade das pessoas odiadas e tentando criar uma comunidade ao redor desse ódio. Isso acontece com celebridades, políticos e até gente normal que usa a internet como meio de comunicação.
Mas esse ódio tem um limite, que é a vida real. Ás vezes, esse limite é ultrapassado, mas na maioria das vezes não. O que é surpreendente, embora não deveria ser.
Desde sua estreia na série da Netflix, Heartstopper, o ator Joe Locke, que interpreta o protagonista Charlie Spring, enfrenta um linchamento online feroz. O motivo? A aparência dele. Sim, as pessoas sentem ódio da aparência de uma pessoa que nem conhecem, existe algo mais vazio que isso? Desde que foi anunciado na Broadway no final do ano passado, Joe Locke começou a ser perseguido online por uma conta falsa que se proclamava como karma e postava desinformações sobre o ator voltado diretamente para o público de conservadores norte-americanos do movimento “make America great again”.
Desafiando-os a irem ao teatro no dia da estreia do Joe e usarem a força para não permitir que ele subisse ao palco, parecia que isso era só papo furado de hater de internet. Até que na estreia do ator fãs descobriram que a ameaça poderia ser maior que a internet.
Felizmente nada de ruim aconteceu e o “karma” precisou se contentar com a própria insignificância nos comentários de Instagram, ainda destilando seu ódio. Mas algo que ficou muito claro com a temporada de Joe na Broadway (que acabou no último domingo 05/05) foi que o ódio da internet ficou apenas na internet. Na vida real os fãs do ator ajudaram a lotar o teatro e o número de espectadores da peça Sweeney Todd subiu tanto que foi matéria dos jornais de Nova York já no final de semana da estreia de Locke. Números que continuaram até o final.
As redes sociais são poderosas e muitas vezes tecem nossas opiniões. Mas elas não são reais, ao contrário de nós. Entender o que pensamos e porque pensamos de determinado jeito é muito importante para sabermos se a opinião que temos é nossa ou é da massa. As redes sociais são muito divertidas, mas assim como qualquer coisa utilizada pelo capitalismo para distrair a sociedade, deve se ter o bom senso em usá-las.
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